TUMBA DE VERLAINE, por Mallarmé
Pelo dia 8 de janeiro, aniversário de morte de Verlaine, uma primeira tentativa de tradução do soneto que lhe fez Mallarmé:
TUMBA DE VERLAINE
Aniversário -- janeiro de 1897.
A rocha negra irada que ao setentrião
Rola, nem mão piedosa pára essa tortura,
Tateando em mal humano traços de um irmão,
como se fora bênção funeral moldura.
E quase sempre aqui se uma torcaz arrulha
O luto imaterial oprime em núbeis lãs
O astro amadurecido nas antemanhãs
do qual somente o cintilar prateia a turba.
A quem busca, a varar o solitário mundo,
Não raro exterior de nosso vagabundo –
Verlaine? A relva agora o guarda, esse Verlaine
e não espanta que, ingênuo, ele o suporte,
sem que lhe molhe o lábio, sem que o hausto aliene,
o raso lençol d’água injuriado – a morte.
(MALLARMÉ, Hommages et tombeaux.)
S. Mallarmé e P. Verlaine. |
TOMBEAU
Anniversaire —
Janvier 1897
Le
noir roc courroucé que la bise le roule
Ne
s’arrêtera ni sous de pieuses mains
Tâtant
sa ressemblance avec les maux humains
Comme
pour en bénir quelque funeste moule.
Ici
presque toujours si le ramier roucoule
Cet
immatériel deuil opprime de maints
Nubiles
plis l’astre mûri des lendemains
Dont
un scintillement argentera la foule.
Qui
cherche, parcourant le solitaire bond
Tantôt
extérieur de notre vagabond —
Verlaine ?
Il est caché parmi l’herbe, Verlaine
A
ne surprendre que naïvement d’accord
La
lèvre sans y boire ou tarir son haleine
Un
peu profond ruisseau calomnié la mort.
Um primor!
ResponderExcluirMuito obrigado!
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