TORTURAS DE PÃ

§

Vieste sem Arcádia, etimológico, agônico,
e teu nome, dizendo pouco, devo convir,
era já alguma coisa, um quase-elixir −
                       pânico
mas tão sem flauta, sem flauta ou ninfa,
subindo, sem música e moça, a minha linfa,
dando coices de bode, somente
galgando a nuca, donde se despenha
o deus gritado, o Pã morto, o sem-resenha.

Teu nome, à falta de outro, foi ficando −
                      pânico
o que obrigava desde já a acolher medos supostos,
solicitados fantasmas, solicitantes rostos,
manchas intrusas no retrato,
no 3 x 4
onde mal cabia um.


§

Alguns acharam cômico
o pânico. Sim, alguns viram prêmio
de sua própria miséria: ele, que driblava horizontes,
caía defronte! E, vingados na dor alheia,

retalhavam o bode, na medrosa ceia.
Pã grita, por João Niehues.

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