A TUMBA DE EDGAR POE
19 de janeiro, aniversário de nascimento de Edgar Allan Poe. Minha tradução do soneto que lhe fez Mallarmé.
Tal como a
eternidade em Si o transfigura,
O Poeta a gládio
nu faz renascer do olvido
Seu século no
horror de nem ter percebido
A morte a triunfar
na estranha tessitura.
Eles, no bote vil
de hidra quando o anjo apura
A palavra
ancestral ao lhe dar mais sentido,
Alardearam aos
céus o bruxedo bebido
Na vaga sem pudor de
uma negral mistura.
Tudo na terra
hostil e assim no alto, ó pecha!
Se nossa ideia com
(sequer um friso embrecha
De que a tumba de
Poe se adorne sobranceira)
Calmo rochedo após
algum desastre obscuro,
Que esse granito enfim
se arroste de fronteira
Aos negros voos ao
léu da Incúria no futuro.
LE TOMBEAU D'EDGAR POE
Tel qu'en Lui-même enfin l'éternité le change,
Le Poète suscite avec un glaive nu
Son siècle épouvanté de n'avoir pas connu
Que la mort triomphait dans cette voix étrange !
Eux, comme un vil sursaut d'hydre oyant jadis l'ange
Donner un sens plus pur aux mots de la tribu,
Proclamèrent très haut le sortilège bu
Dans le flot sans honneur de quelque noir mélange.
Du sol et de la nue hostiles, ô grief !
Si notre idée avec ne sculpte un bas-relief
Dont la tombe de Poe éblouissante s'orne
Calme bloc ici-bas chu d'un désastre obscur
Que ce granit du moins montre à jamais sa borne
Aux noirs vols du Blasphème épars dans le futur.
Le Poète suscite avec un glaive nu
Son siècle épouvanté de n'avoir pas connu
Que la mort triomphait dans cette voix étrange !
Eux, comme un vil sursaut d'hydre oyant jadis l'ange
Donner un sens plus pur aux mots de la tribu,
Proclamèrent très haut le sortilège bu
Dans le flot sans honneur de quelque noir mélange.
Du sol et de la nue hostiles, ô grief !
Si notre idée avec ne sculpte un bas-relief
Dont la tombe de Poe éblouissante s'orne
Calme bloc ici-bas chu d'un désastre obscur
Que ce granit du moins montre à jamais sa borne
Aux noirs vols du Blasphème épars dans le futur.
Retrato de Mallarmé em alusão ao poema O corvo, de Poe, por Gauguin. |
Quanta gente boa envolvida. Tudo lindo. Não conhecia essa homenagem de Mallarmé. Sou fã da obra de Poe, mesmo sem gostar do gênero, mas a sua escrita envolvente e instigante fez-me ler uma coletânea de seus contos. Achei que a "simples" leitura não suscitaria nenhuma emoção mais forte, ledo engano. Daí o meu encantamento com a escrita dele, pois o ordenamento da narrativa dispensa qualquer trilha sonora estridente, comuns nos filmes do gênero, levando o espectdor a pular da cadeira.
ResponderExcluirObrigado, Marta! Poe também deu grande contribuição para a poesia, foi um gênio. Adoro os contos também. Bjs. Eu retraduzi esse soneto, veja a nova versão e as alterações aqui: http://www.mallarmargens.com/2018/01/sugestoes-de-mallarmee-traducao-de.html?view=classic
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