CHÁ DE ESPERA

De me atender, antes brigou
com a da barraca vizinha,
que lhe devia um dinheiro.
Mau pagadora! − gritou
a outra, credora primeiro.

De me entender, antes contou
que passara, só naquele
ano, meu filho, por duas
tragédias: um assalto

em que lhe levaram tudo, tantos metros de tecido,
e uma morte, natural porém, que lhe roubara o marido.

E só então me ouviu. E se
fosse o poema, o amargo
chá de bredo (amaranto),
nem tão cedo! (Garanto.)

Chá de bredo, por João Niehues

Comentários