OS MUTILADOS

Sofriam, convulsos, a memória das mãos,
a memória dos gostos, o ermo da memória
de terem seus pulsos – eles, que ainda não
conheciam as artes da flutuação,
de passarem través, de não serem avulsos...

Recém-chegados, recém-saídos, egressos
de si mesmos, só queriam “informação”...
Os grandes não ouviam, nem viam seus gestos;
baixavam ao pequeno – era menos? Um irmão.

Mas este, se entendia, não assim as rotas:
o que dizer, de infinito e direção...
E os sofridos, confusos, aqueles em volta

lhe silabavam febre, uma qualquer sezão
de que ficou a – memória da memória
dos mutilados e da imposição de mãos.

Desenho: Felipe Stefani

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