IGREJA DO BONFIM (SALA DE EX-VOTOS)
Para
Claudio Sousa Pereira
O desespero é de
cera
e se modela
conforme a dor:
clavícula
pé
tornozelo
antebraço
− e o amor.
O desespero é
pingente
e quase cai
enquanto cresce o
menino
que aprende a ser
gente
sem ai.
O desespero: uma
forma
para o alívio:
palavra – mil bilhetes
e foge pelas
grades
(peixe) como das
redes
foge
pelas grades
laterais da
igreja,
vai dar ao mar,
logo ali,
ou é azul que
entra
acenando a cura:
azul virando cera
− azulescente
âmbar?
Lá fora encontra
Oxalá,
a senhora
Pomba-Gira
− nas lojinhas em
redor.
Fitinhas de
desejar,
olho-de-boi,
pó-de-pemba;
mas, desse muito
encontrar,
o desespero –
quem lembra? −
pode ser que
volte só.
Caminhar,
abraçar, calcar,
nossa tortura
nossa busca
balouçando no
forro da igreja,
subindo as
paredes, descendo delas,
desespero de cera
(cerúleo?)
e tudo o que foi
promessa, da cabeça
ao pé.
Caminhar,
abraçar, calcar
− mas também
escrever:
ali onde Jorge de
Lima se impressionou com A morte do justo
e o menino tomou
susto
com a Fé.
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