Balada – Marra Signoreli/ Un grand sommeil noir – Paul Verlaine
A festa do condomínio
prosseguia à noite sem
exercer o seu fascínio
nos meninos que também
festejavam no solário.
E eu ouvia este som breve...
Quem colocou pra tocar
uma peça do Varèse?
exercer o seu fascínio
nos meninos que também
festejavam no solário.
E eu ouvia este som breve...
Quem colocou pra tocar
uma peça do Varèse?
A festa do condomínio,
eu a acompanhava só,
fumando na quadra até
que uma menina com dó
pegou-me as mãos pra uma
dança.
– Venha, é uma dança tão leve!
– Moça, é impossível dançar
uma peça do Varèse.
A festa do condomínio
prosseguia à noite enquanto
aquela moça em meus braços
levava-me em seu domínio
até sumir, sem espanto,
em cada passo, etérea
fumaça, lenta no ar,
como a peça do Varèse.
Silêncio, silêncio! Era
Um sonho a mais que partia?
Que sono imenso e escuro
Tombou sobre minha vida?
Marra Signoreli.
Un grand sommeil noir
Tombe sur
ma vie :
Dormez,
tout espoir,
Dormez,
toute envie !
Je ne vois
plus rien,
Je perds la
mémoire
Du mal et
du bien...
O la triste
histoire !
Je suis un berceau
Qu'une main
balance
Au creux
d'un caveau :
Silence, silence !
VERLAINE. Sagesse.
VERLAINE. Sagesse.
Sono
umbroso enorme
Baixa
em minha vida:
Dorme,
anelo, dorme;
Dorme,
elã sem lida!*
Nem
mais vejo nem
Tenho
mais memória
Do
mal e do bem...
Oh,
que triste história!
À
mão que me embala,
Um
berço eu me penso
No
vão de uma vala:
Silêncio!
Silêncio!
__________
Variante: Sono grande e
escuro/ Baixa em minha vida:/ Dorme, ó bom futuro;/ Dorme, ó investida!
Verlaine. Sagesse.
Trad.: Wladimir Saldanha.
Sonolência mansa
Minha vida invade:
Que durma a esperança
E durma a vontade.
Não vejo ninguém,
Perdi a memória
Do mal e do bem...
Ó a triste história...
Sou berço a uma nova
Mão branca suspenso
No fundo da cova:
Silêncio, silêncio!
Trad. de Jamil Amansur Haddad.
Negro sono avança
sobre a minha vida!
Ah! dorme, esperança,
dorme, fé perdida!
Já não vejo nada,
já perco a memória
da vida passada...
oh! a triste história!
Um berço suspenso
por mão linda e nova
sou eu – sobre
a cova:
silêncio! silêncio!
Trad. de Leão de Vasconcelos.
Ouça a "Balada", de Marra Signoreli, recitada por Roberto Mallet:
Ouça aqui o poema de Verlaine musicado por
Varèse:
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